Orixás Femininos

Nanã

Nanã Buruku é cultuada no Candomblé Jeje como um vodun e no Candomblé Ketu como um orixá da chuva, das águas paradas, mangue, pântano, terra molhada, lama e considerada a mãe dos orixás Obaluaiyê, Iroko, Osanyin, Oxumarê e Yewá. Nanã é chamada carinhosamente de "Avó", por ser usualmente imaginada como uma anciã. É cultuada em todo o Brasil nas religiões Afro-brasileiras. Seu emblema é o Ibiri que caracteriza sua relação com os espíritos ancestrais. Como "Mãe-Terra Primordial" dos grãos e dos mortos, Nanã Buruku poderia ser equiparada à deusa greco-romana Deméter-Ceres-Cíbele. A existência do culto de Nanã Buruku é atribuída a tempos remotos, anteriores à descoberta do ferro, por isso, em seus rituais, não costumam ser utilizados objetos cortantes de metal.
Em sua passagem pela Terra, foi a primeira
Iyabá e a mais vaidosa, em nome da qual desprezou seu filho primogênito com Oxalá, Omulu, por ter nascido com várias doenças de pele. Não admitindo cuidar de uma criança assim, acabou abandonando-o numa praia, Yemanjá o achou abandonado, quase morrendo e o curou e o criou como se fosse sua mãe, dando todo o amor e carinho. Sabendo do que Nanã fez, Oxalá condenou-a a ter mais filhos, os quais nasceriam anormais (Oxumarê, Ewá e Ossaim), e a expulsou do reino, ordenando-lhe que fosse viver num pântano escuro e sombrio, lugar onde pensou em abandonar seu pobre filho, mas desistiu, pois na praia seu filho morreria mais rápido. Nanã tornou-se uma das Iyabás mais temidas, tanto que em algumas tribos quando seu nome era pronunciado todos se jogavam ao chão. Senhora das doenças cancerígenas, está sempre ao lado do seu filho Omulu. Protetora dos idosos, desabrigados, doentes e deficientes visuais.



                                                                            Lenda

                                                                                        A abolição dos metais


No inicio dos tempos os pântanos cobriam quase toda a terra. Faziam parte do reino de Nanã Buruquê e ela tomava conta de tudo como boa soberana que era. Quando todos os reinos foram divididos por Olorun e entregues aos orixás uns passaram a adentrar nos domínios dos outros e muitas discórdias passaram a ocorrer. E foi dessa época que surgiu esta lenda. Ogum precisava chegar ao outro lado de um grande pântano, lá havia uma séria confusão ocorrendo e sua presença era solicitada com urgência. Resolveu então atravessar o lodaçal para não perder tempo. Ao começar a travessia que seria longa e penosa ouviu atrás de si uma voz autoritária: - Volte já para o seu caminho rapaz! - Era Nanã com sua majestosa figura matriarcal que não admitia contrariedades - Para passar por aqui tem que pedir licença! - Como pedir licença? Sou um guerreiro, preciso chegar ao outro lado urgente. Há um povo inteiro que precisa de mim. -Não me interessa o que você é e sua urgência não me diz respeito. Ou pede licença ou não passa. Aprenda a ter consciência do que é respeito ao alheio. Ogum riu com escárnio: - O que uma velha pode fazer contra alguém jovem e forte como eu? Irei passar e nada me impedirá! Nanã imediatamente deu ordem para que a lama tragasse Ogum para impedir seu avanço. O barro agitou-se e de repente começou a se transformar em grande redemoinho de água e lama. Ogum teve muita dificuldade para se livrar da força imensa que o sugava. Todos seus músculos retesavam-se com a violência do embate. Foram longos minutos de uma luta sufocante. Conseguiu sair, no entanto, não conseguiu avançar e sim voltar para a margem. De lá gritou: -Velha feiticeira, você é forte não nego, porém também tenho poderes. Encherei esse barro que chamas de reino com metais pontiagudos e nem você conseguirá atravessa-lo sem que suas carnes sejam totalmente dilaceradas. E assim fez. O enorme pântano transformou-se em uma floresta de facas e espadas que não permitiriam a passagem de mais ninguém. Desse dia em diante Nanã aboliu de suas terras o uso de metais de qualquer espécie. Ficou furiosa por perder parte de seu domínio, mas intimamente orgulhava-se de seu trunfo: - Ogum não passou!



                                                 Iansã

                                                      

Iansã, ou Oyá, é um orixá cuja figura, no Brasil, é sincretizada com Santa Bárbara, católica.
Senhora dos
ventos, dos raios e das tempestades, é representada com um alfange e uma cauda de animal nas mãos, e com um chifre de búfalo na cintura.
Nas
lendas provenientes do Candomblé, Iansã foi mulher de Ogum e depois de Xangô, seu verdadeiro amor. Xangô roubou-a de Ogum.
É a
Iyabá de temperamento mais forte, dotada de uma força bélica que encontra correspondência, pelo lado masculino, em Ogum. Esse temperamento afirma-lhe a qualidade de guerreira e de líder, mas não de mãe, como Oxum ou Yemanjá, mesmo tendo tido nove filhos de Ogum.
Na liturgia da
Umbanda, Iansã é senhora dos eguns, os espíritos dos mortos, menos cultuados no Candomblé.
No Candomblé também é chamada de Oyá.


                                                                           Lenda

                                                  Oiá recebe o nome de Iansã, mãe dos nove filhos

Oiá desejava ter filhos, mas não podia conceber.
Oiá foi consultar um babalaô e ele mandou que ela fizesse um ebó. Ela deveria oferecer um  carneiro, um agutã, muitos búzios e muitas roupas coloridas. Oiá fez o sacrifício e teve nove filhos. Quando ela passava, indo em direção ao mercado, o povo dizia: 
"Lá vai Iansã".
Lá ia Iansã, que quer dizer mãe nove vezes.
E lá ia ela toda orgulhosa ao mercado vender azeite-de-dendê.
Oiá não podia ter filhos, mas teve nove,
depois de sacrificar um carneiro.
E em sinal de respeito por seu pedido atendido Iansã, a mãe de nove filhos, nunca mais comeu carneiro.



                                                   Ewá

                                                   

Yewa, Orixá do rio Yewa, que fica na antiga tribo Egbado (atual cidade de Yewa) no estado de Ogun na Nigéria. Orixá identificada no jogo do merindilogun pelo odu obeogunda.
Verger conta que na Nigéria, Abimbola publicou um itan Ifá (história de Ifa), falando "que de certa feita estando Iyewa à beira do rio, com um igba (gamela) cheio de roupa para lavar, avistou de longe um homem que vinha correndo em sua direção. Era Ifá que vinha esbaforido fugindo de Iku (a morte). Pedindo seu auxílio, Iyewa despejou toda roupa no chão, que se encontrava no igba, emborcou-o em cima de Ifa e sentou-se. Daí a pouco chega a morte perguntando se não viu passar por ali um homem e dava a descrição. Iyewa respondeu que viu, mas que ele havia descido rio abaixo e a morte seguiu no seu encalço. Ao desaparecer, Ifa saiu debaixo do igba e levou Iyewá para casa, a fim de torná-la sua mulher."
Ewá, Euá, Iyewa,
Orixá feminino, é a divindade do rio e da lagoa Iyewà na Nigéria. Uma das iabás, considerada ora irmã de Iansã, ora esposa de Oxumarê. Seu nome significa maezinha do carater.
Verger em suas pesquisas diz: "Na Bahia é cultuada somente em três casas antigas, devido à complexidade de seu ritual. As gerações mais novas não captaram conhecimentos necessários para a realização do seu ritual, daí se ver, constantemente, alguém dizer que fez uma obrigação para Iyewa , quando na realidade o que foi feito é o que se faz normalmente para Oxum ou Oyá." Em 1981, houve uma saída de Iyewá no Ilê Axé Opô Afonjá, após mais de 30 anos da iniciação da anterior.


                                                                           Lenda

                                                                                                   Rio Yewá

Todos os dias Ewá saia com seus dois filhos e ia para a floresta em busca de lenha. Ao voltar seguia direto para a cidade onde vendia o produto. Esse era o seu meio de sobrevivência. Não gostava de levar os filhos pequenos, andava por lugares perigosos, mas não havia quem pudesse ficar com eles. Nessa rotina seguia sua vida. Um dia preparou as crianças e saíram mais cedo que o costume, precisava de muita lenha, os víveres de sua casa estavam no final e somente com uma boa venda poderia comprar alimentos para a família. Disposta a fazer uma grande coleta, desviou-se do caminho habitual. Andaram por trilhas desconhecidas subindo e descendo por horas. Somente quando o sol estava a pino foi que a mulher percebeu que estavam perdidos. Tentou de todas as maneiras lembrar-se do caminho feito, mas nada. Pediu a ajuda dos filhos, mas estes pequenos demais, nem haviam percebido o engano da mãe. As crianças, a essa altura exaustas, começaram a se assustar com o perigo que pressentiam na situação. Ewá corria de um lado a outro tentando lembrar-se da trilha que os trouxera até ali. Os meninos reclamaram de sede, ela se apavorou. Não tinha água ali, passaram por caminhos sem fim e nem sinal de uma bica sequer. Pediu que mantivessem a calma e pegando-os pelas mãos decidiu arriscar, não podia ficar ali parada. Andaram por mais algum tempo. O sol tornara-se insuportável. O suor escorria pelos corpos fazendo com que a sede aumentasse a níveis insuportáveis. As crianças começaram a fraquejar e sem agüentar dar mais um passo, caíram aos pés da mãe com o rosto macilento e as faces começando a encovar. Ewá transtornou-se ao sentir que seus filhos morreriam ali sem socorro se ela nada fizesse. Ajoelhou-se e elevou os olhos para o alto: Olorum senhor do mundo! Não deixe que meus filhos morram por causa da incapacidade da mãe. Eles precisam de água senhor, só a vós posso recorrer! No instante da prece a mata estremeceu Ewá cravou as unhas na terra e gritou, seu corpo enrijeceu. O último olhar foi depositado sobre os filhos no momento em que seu corpo tranformou-se em mármore. A bela negra tinha se tornado uma fonte de água pura, límpida e cristalina. Os filhos de Ewá foram salvos. Da pequena fonte nasceu o rio Yewá na Nigéria onde até hoje se fala no sacrifício materno da grande deusa do sangue branco.



                                                   Obá

                                                     

Obá, Orixá africano do Rio Obá ou rio Níger, primeira esposa de Xangô, identificada no jogo do merindilogun pelos odu odi, obeogunda e ossá.
Guerreira, veste vermelho e branco, usa escudo, Arco e flecha
Ofá. Obasy é a senhora da sociedade elekoo, porém no Brasil esta sociedade passou a cultuar egungun. Deste modo, obasy é a senhora da sociedade lesse-orixa. Obá representa as águas revoltas dos rios. As pororocas, as águas fortes, o lugar das quedas são considerados domínios de Obá. Ela também controla o barro, aguá parada, lama, lodo e as enchentes. Trabalha junto com Nanã. Representa também o aspecto masculino das mulheres (fisicamente) e a transformação dos alimentos de crus em cozidos.É também a dona da roda. Orixá, embora feminina, energética, temida, e forte, considerada mais forte que muitos Orixás masculinos, vencendo na luta Oxalá, Xangô e Orumilá.


                                                                     Lenda

                                                                                    A Orelha de Obá

Obá era uma mulher cheia de vigor e coragem. Faltava-lhe, talvez, um pouco de charme e refinamento.
Mas ela não temia ninguém no mundo. Seu maior prazer era lutar. Seu vigor era tal que ela escolheu a luta e o pugilato como profissão. Obá venceu todas as disputas que foram organizadas entre ela e diversos orixás.
Ela derrubou Obatalá, tirou Oxóssi de combate e deixou no chão Orunmilá. Oxumaré não resistiu à sua força.
Ela desafiou Obaluaê e botou Exu pra correr. Chegou a vez de Ogum!
Ogum teve o cuidado de consultar Ifá, antes da luta. Os adivinhos lhe disseram para fazer oferendas, compostas de duzentas espigas de milho e muitos quiabos. Tudo pisado num pilão para se obter uma massa viscosa e escorregadia. Esta substância deveria ser depositada num canto do terreno onde eles lutariam. Ogum seguiu fielmente estas instruções.
Na hora da luta, Obá chegou dizendo: "O dia do encontro é chegado."
Ogum confirmou: "Nós lutaremos, então, um contra o outro."
A luta começou. No início, Obá parecia dominar a situação. Ogum recuou em direção ao lugar onde ele derramara a oferenda. Obá pisou na pasta viscosa e escorregou. Ogum aproveitou para derrubá-la. Rapidamente, libertou-se do pano que vestia e a possuiu ali mesmo, tornando-se, desta maneira, seu primeiro marido.
Mais tarde, Obá tornou-se a terceira mulher de Xangô, pois ela era forte e corajosa. A primeira mulher de Xangô foi Oiá-Iansã, que era bela e fascinante. A segunda foi Oxum, que era coquete e vaidosa.
Uma rivalidade logo se estabeleceu entre Obá e Oxum. Ambas disputavam a preferência do amor de Xangô.
Obá sempre procurava aprender o segredo das receitas utilizadas por Oxum quando esta preparava as refeições de Xangô. Oxum irritada, decidiu preparar-lhe uma armadilha. Convidou Obá a vir, um dia de manhã, assistir à preparação de um prato que, segundo ela, agradava infinitamente a Xangô.
Obá chegou na hora combinada e encontrou Oxum com um lenço amarrado à cabeça, escondendo as orelhas.
Ela preparava uma sopa para Xangô onde dois cogumelos flutuavam na superfície do caldo.
Oxum convenceu Obá que se tratava de suas orelhas, que ela cozinhava, desta forma, para preparar o prato favorito de Xangô. Este logo chegou, vaidoso e altivo.
Engoliu, ruidosamente e com deleite, a sopa de cogumelos e galante e apressado, retirou-se com Oxum para o quarto. Na semana seguinte, foi a vez de Obá cuidar de Xangô. Ela decidiu pôr em prática a receita maravilhosa.
Xangô não sentiu nenhum prazer ao ver que Obá se cortara uma das orelhas.
Ele achou repugnante o prato que ela preparara. Neste momento, Oxum chegou e retirou o lenço,
mostrando à sua rival que suas orelhas não haviam sido cortadas, nem comidas. Furiosa, Obá precipitou-se sobre Oxum com impetuosidade. Uma verdadeira luta se seguiu. Enraivecido, Xangô trovejou sua fúria.
Oxum e Obá, apavoradas, fugiram e transformaram-se em rios. Até hoje, as águas destes rios são tumultuadas e agitadas no lugar de sua confluência, em lembrança da briga que opôs Oxum e Obá pelo amor de Xangô.



                                                 Oxum

                                                     

Osun, Oshun, Ochun ou Oxum, na Mitologia Yoruba é um orixá feminino. O seu nome deriva do rio Osun, que corre na Iorubalândia, região nigeriana de Ijexá e Ijebu. Identificada no jogo do merindilogun pelos odu ejioko e Ôxê, é representada pelo candomblé, material e imaterialmente, por meio do assentamento sagrado denominado igb oxum.
É tida como um único Orixá que tomaria o nome de acordo com a cidade por onde corre o rio, ou que seriam dezesseis e o nome se relacionaria a uma profundidade desse rio. As mais velhas ou mais antigas são encontradas nos locais mais profundos (Ibu), enquanto as mais jovens e guerreiras respondem pelos locais mais rasos. Ex.: Osun Osogbo, Osun Opara ou Apara, Yeye Iponda, Yeye Kare, Yeye Ipetu.
Oxum é um
Orixá feminino da nação Ijexá, adotada e cultuada em todas as religiões afro-brasileiras. É o Orixá das águas doces dos rios e cachoeiras, da riqueza, do amor, da prosperidade e da beleza. Em Oxum, os fiéis buscam auxílio para a solução de problemas no amor, uma vez que ela é a responsável pelas uniões, e também na vida financeira, a que se deve sua denominação de "Senhora do Ouro", que outrora era do Cobre, por ser o metal mais valioso da época. Na natureza, o culto a Oxum costuma ser realizado nos rios e nas cachoeiras e, mais raramente, próximo às fontes de águas minerais.

                                                                      Lenda

                                                                      Iyalodê

Logo que todos os Orixás chegaram à terra, organizavam reuniões das quais mulheres não podiam participar. Oxum, revoltada por não poder participar das reuniões e das deliberações, resolve mostrar seu poder e sua importância tornando estéreis todas as mulheres, secando as fontes, tornando assim a terra improdutiva.
Olodumaré foi procurado pelos Orixás que lhe explicaram que tudo ia mal na terra, apesar de tudo que faziam e deliberavam nas reuniões. Olodumaré perguntou a eles se Oxum participava das reuniões, foi quando os Orixás lhe disseram que não. Explicou-lhes então, que sem a presença de Oxum e do seu poder sobre a fecundidade, nada iria dar certo.  Os Orixás convidaram Oxum para participar de seus trabalhos e reuniões, e depois de muita insistência, Oxum resolve aceitar. Imediatamente as mulheres tornaram-se fecundas e todos os empreendimentos e projectos obtiveram resultados positivos. Oxum é chamada Iyalodê (Iyáláòde), título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre as mulheres da cidade.




                                                           Yemanjá 
   

                                             

Na Mitologia Yoruba, a dona do mar é Olokun que é mãe de Yemanjá, ambas de origem Egbá.
Yemojá, que é saudada como Odò (rio) ìyá (mãe) pelo povo Egbá, por sua ligação com Olokun, Orixá do mar (masculino (em Benin) ou feminino (em Ifé)), muitas vezes é referida como sendo a rainha do mar em outros países. Cultuada no rio Ògùn em Abeokuta. Além da grande diversidade de nomes africanos pelos quais Iemanjá é conhecida, a forma portuguesa Janaína também é utilizada, embora em raras ocasiões. A alcunha, criada durante a escravidão, foi a maneira mais branda de "sincretismo" encontrada pelos negros para a perpetuação de seus cultos tradicionais sem a intervenção de seus senhores, que consideravam inadimissíveis tais "manifestações pagãs" em suas propriedades.  Embora tal invocação tenha caído em desuso, várias composições de autoria popular foram realizadas de forma a saudar a "Janaína do Mar" e como canções litúrgicas.

                                                                            Lenda

Caminho da Liberdade


Conta o mito da criação, que dos seios fartos de Iemanjá, brotaram os oceanos e com ele os orixás seus filhos: Exú, Ogum, Oxossi, Xangô e Oxum. 
 
Yemanjá, grande orixá das águas, era filha de Olokun, o senhor dos oceanos. Era possuidora de um grande instinto maternal, que fez dela mãe de dez filhos.  
Embora casada, não tinha grande apego por seu marido. Às vezes, pensava em deixá-lo, mas ele era um homem muito importante e poderoso, e não permitiria tal desonra. Yemanjá também pensava no bem-estar de seus filhos, não podendo deixá-los desamparados.  
Seu marido usava o poder com tirania, inclusive com sua família, tornando a vida dela insuportável. Ela não agüentava mais se submeter aos caprichos de um homem que ela desprezava.  
Ela procurou seu pai para aconselhar-se sobre a atitude que deveria tomar. No fundo, ela já estava decidida a fugir, mas precisava de seu apoio. Olokun não a recriminou, pois ela era uma soberana e, como tal, não poderia aceitar o jugo de ninguém. Ele, então, deu à sua filha uma cabaça com encantamentos, para que ela usasse quando estivesse em perigo.  Yemanjá colocou seu plano em prática, fugindo com todos os seus filhos.  
Quando ela já estava bem longe de sua aldeia, viu que estava a ser perseguida pelo exército de seu marido. Pensou em enfrentá-los, mas eles eram muitos e seria uma luta desleal. Yemanjá odeia os confrontos, pela destruição que causam, já que é um orixá propagador de vida.  
Quando se sentiu acuada, resolveu abrir a cabaça e pedir socorro ao seu pai. Do seu interior escoou um líquido escuro, que, ao tocar o chão, imediatamente formou um rio, que corria em direção ao oceano.  
Foi nessas águas que Yemanjá e seu povo encontraram um caminho para a liberdade