O Xamã Siberiano

 

A palavra «Xamã» vem da língua dos evencos (tungus), um povo caçador e de pastorícia de renas das florestas da Sibéria.
Estas regiões, partilha-se uma cosmologia de níveis, ligados por uma árvore, um pilar ou uma montanha.
Abrangem ainda a crença da separação da alma do corpo e do voo mágico da alma do xamã até ao céu e ao mundo sob a terra. 

 

«Baixando a cabeça para o tambor, o Xamã começa a cantar baixo, lenta e melancolicamente. Bate o tambor em vários locais, com batidas calmas e espaçadas. Fica-se com a impressão de que está a chamar alguém, a reunir os seus auxiliares e a invocá-los de uma grande distância. Por vezes, baste no tambor com força e profere algumas palavras - o que significa que um dos seus auxiliadores acaba de chegar. Pouco a pouco, a canção torna-se mais alta e a baqueta do tambor bate com maior frequência. Significa isto que todos os espíritos ouviram o chamamento do seu senhor e que se aproximam dele em tropel. Por fim, as batidas no tambor tornam-se muito fortes, a tal ponto que parece que vai rebentar. O Xamã já não contempla o tambor, mas canta a plenos pulmões. Agora, todos os espíritos se reúnem. Sem se deter na canção, o Xamã coloca a sua armadura peitoral. Fica de pé no local, curvando-se ligeiramente e batendo os pés.»


O tambor responde ás batidas da baqueta com os mais diversos sons, desde sonoras batidas, com um tinido agudo metálico, até ao mais delicado dos rufares, um zunido suave e continuo. O Xamã usou ainda como um quadro reflector do som, de tal modo que, na escuridão, parecia que a sua voz se deslocava de um canto para o outro, e de baixo para cima e de cima para baixo.

  O xamanismo siberiano possui uma tradição extremamente antiga.                   
A diferença deste e de outros tipos de xamanismo (norte-americano, latino-americano, celta etc) está na crença dos siberianos de que o ser humano tem cinco almas: existe a alma que deu origem à humanidade - transmitida à criança quando a mãe lhe dá a luz; existe a alma da memória - que obriga a pessoa a sofrer; existe a alma do futuro, que dá a felicidade e a capacidade de efetuar seus desejos. Existe uma alma que observa isso tudo, e existe outra ainda mais curiosa que é o duplo xamanico - através da qual o xamã viaja através  dos vários
 universos.                                                                                  
         

 
O  tambor do Xamã , decorado com símbolos cósmicos Está a ser tocado numa jornada Xamanica como ritual de fogo. Quem o toca é o filho do Xamã e o seu assistente.

 
O Xamã, toca o tambor segurado por seu filho, com o fim de invocar os espíritos auxiliares