Orixás




  História

Na mitologia há menção de 600 orixás primários, divididos em duas classes, os 400 dos Irun Imole e os 200 Igbá Imole, sendo os primeiros do Orun ("céu") e os segundos da Aiye ("Terra").

Estão divididos em orixás da classe dos Irun Imole, e dos Ebora da classe dos Igbá Imole, e destes surgem os orixás Funfun (brancos, que vestem branco, como Oxalá e Orunmilá), e os orixás Dudu (pretos, que vestem outras cores, como Obaluayê e Xangô).

     
  • Exu, orixá guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos.
  • Ogum, orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia.
  • Oxóssi, orixá da caça e da fartura.
  • Logunedé, orixá jovem da caça e da pesca.
  • Xangô, orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.
  • Ayrà, usa branco, tem profundas ligações com Oxalá e com Xangô.
  • Obaluaiyê, orixá das doenças epidérmicas e pragas, orixá da cura.
  • Oxumaré, orixá da chuva e do arco-íris, o Dono das Cobras.
  • Ossaim, orixá das Folhas sagradas, conhece o segredo de todas elas.
  • Oyá ou Iansã, orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestades, e do rio Níger.
  • Oxum, orixá feminino dos rios, do ouro, jogo de búzios, e protetora dos recém nascidos.
  • Iemanjá, orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de muitos orixás.
  • Nanã, orixá feminino dos pântanos e da morte, mãe de Obaluaiê.
  • Yewá, orixá feminino do Rio Yewa, considerada a deusa da beleza, da adivinhação e da fertilidade.
  • Obá, orixá feminino do Rio Oba, uma das esposas de Xangô, é a deusa do amor.
  • Axabó, orixá feminino da família de Xangô.
  • Ibeji, divindade protetor dos gêmeos.
  • Irôco, orixá da árvore sagrada, (gameleira branca no Brasil).
  • Egungun, Ancestral cultuado após a morte em Casas separadas dos Orixás.
  • Iyami-Ajé, é a sacralização da figura materna, a grande mãe feiticeira.
  • Omulu, Orixá da morte.
  • Onilé, orixá do culto de Egungun.
  • Onilê, orixá que carrega um saco nas costas e se apóia num cajado.
  • Oxalá, orixá do Branco, da Paz, da Fé.
  • OrixaNlá ou Obatalá, o mais respeitado, o pai de quase todos orixás, criador do mundo e dos corpos humanos.
  • Ifá ou Orunmila-Ifa, Ifá é o porta-voz de Orunmila, orixá da adivinhação e do destino, ligado ao Merindilogun.
  • Odudua, orixá também tido como criador do mundo, pai de Oranian e dos yoruba.
  • Oranian, orixá filho mais novo de Odudua.
  • Baiani, orixá também chamado Dadá Ajaká.
  • Olokun, orixá divindade do mar.
  • Olossá, orixá dos lagos e lagoas.
  • Oxalufon, qualidade de Oxalá velho e sábio.
  • Oxaguian, qualidade de Oxalá jovem e guerreiro.
  • Orixá Oko, orixá da agricultura.

  África

Na África cada orixá estava ligado a uma cidade ou a uma nação inteira; tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais.
Sàngó em Oyo, Yemoja na região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ogún em Ekiti e Ondo, Òsun em Ilesa, Osogbo e Ijebu Ode, Erinlé em Ilobu, Lógunnède em Ilesa, Otin em Inisa, Osàálà-Obàtálá em Ifé, Osàlúfon em Ifon e Òságiyan em Ejigbo.
A realização das cerimônias de adoração ao Òrìsá é assegurada pelos sacerdotes designados para tal em sua tribo ou cidade.


Brasil

No Brasil, existe uma divisão nos cultos: Ifá, Egungun, Orixá, Vodun e Nkisi, são separados pelo tipo de iniciação sacerdotal.

  • O culto de Ifá só inicia Babalawos, não entram em transe.
  • O culto aos Egungun só inicia Babaojés, não entram em transe.
  • O Candomblé Ketu inicia Iaôs, entram em transe com Orixá.
  • O Candomblé Jeje inicia Vodunsis, entram em transe com Vodun.
  • O Candomblé Bantu inicia Muzenzas, entram em transe com Nkisi.

Em cada templo religioso são cultuados todos os orixás, diferenciando que nas casas grandes tem um quarto separado para cada Orixá, nas casas menores são cultuados em um único (quarto de santo) termo usado para designar o quarto onde são cultuados os orixás.

Alguns orixás são só assentados no templo para serem cultuados pela comunidade, exemplo: Odudua, Oranian, Olokun, Olossa, Baiani, Iyami-Ajé que não são iniciados Iaôs para esses orixás.
A Iyalorixá ou o Babalorixá são responsáveis pela iniciação dos Iaôs e pelo culto de todo e qualquer orixá assentado no templo, auxiliada pelas pessoas designadas para cada função. Exemplo o Babaojé que cuida da parte dos Eguns e Babalosaim que é o encarregado das folhas.
Apesar de serem de origem daomeana, Nanã, Obaluaiyê, Iroko, Oxumarê e Yewá, são cultuados nas casas de nação Ketu, mas são muito raros os Iaôs que são iniciados, houve casos de passar vinte ou trinta anos sem se iniciar ninguém para esses orixás que são cultuados em locais separados dos outros.
Existem orixás que já viveram na terra, como Xangô, Oyá, Ogun, Oxossi, viveram e morreram, os que fizeram parte da criação do mundo esses só vieram para criar o mundo e retiraram-se para o Orun, o caso de Obatalá, e outros chamados Orixá funfun (branco).
Existem orixás que são cultuados pela comunidade em árvores como é o caso de Iroko, Apaoká, os orixás individuais de cada pessoa que é uma parte do orixá em si e são a ligação da pessoa, iniciada com o orixá divinizado; ou seja, uma pessoa que é de Xangô, seu orixá individual, é uma parte daquele Xangô divinizado, com todas as características, ou arquétipos.
Existe muita discussão sobre o assunto: uns dizem que o orixá pessoal é uma manifestação de dentro para fora, do Eu de cada um ligado ao orixá divinizado, outros dizem ser uma incorporação mas é rejeitada por muitos membros do candomblé, justificam que nem o culto aos Egungun é de incorporação e sim de materialização. Espíritos (Eguns) são despachados (afastados) antes de toda cerimônia ou iniciação do candomblé.

                       



Candomblé
                                                                                                                                                           

Candomblé é um designativo para diversos cultos, intitulados Nações em que há o cultivo dos orixás. Sendo de origem totêmica e familiar, é uma das religiões afro-brasileiras praticadas principalmente no Brasil, pelo chamado povo do santo, mas também em outros países como Uruguai, Argentina, Venezuela, Colômbia, Panamá, México, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha.
A religião que tem por base a
anima (alma) da Natureza, sendo portanto chamada de anímica, foi desenvolvida no Brasil com o conhecimento dos sacerdotes africanos que foram escravizados e trazidos da África para o Brasil, juntamente com seus Orixás/Inquices/Voduns, sua cultura, e seu idioma, entre 1549 e 1888.
Embora confinado originalmente à população de negros escravizados, proibido pela
igreja católica, e criminalizado mesmo por alguns governos, o candomblé prosperou nos quatro séculos, e expandiu consideravelmente desde o fim da escravatura em 1888. Estabeleceu-se com seguidores de várias classes sociais e dezenas de milhares de templos. Em levantamentos recentes, aproximadamente 3 milhões de brasileiros (1,5% da população total) declararam o candomblé como sua religião.Na cidade de Salvador existem 2.230 terreiros registrados na Federação Baiana de Cultos Afro-brasileiros e catalogado pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, (Universidade Federal da Bahia) Mapeamento dos Terreiros de Candomblé de Salvador. Entretanto, na cultura brasileira as religiões não são vistas como mutuamente exclusivas, e muitos povos de outras crenças religiosas — até 70 milhões, de acordo com algumas organizações culturais Afro-Brasileiras — participam em rituais do candomblé, regularmente ou ocasionalmente. Orixás do Candomblé, os rituais, e as festas são agora uma parte integrante da cultura e uma parte do folclore brasileiro. O Candomblé não deve ser confundido com Umbanda, Macumba e/ou Omoloko, outras religiões afro-brasileiras com similar origem; e com religiões afro-americanas similares em outros países do Novo Mundo, como o Vodo haitiano, a Santeria cubana, e o Obeah, em Trinidade e Tobago, os Shangos (similar ao Tchamba africano, Xambá e ao Xangô do Nordeste do Brasil) o Ourisha, de origem yorubá, os quais foram desenvolvidas independentemente do Candomblé e são virtualmente desconhecidos no Brasil.


Nações

Os negros escravizados no Brasil pertenciam a diversos grupos étnicos, incluindo os yoruba, os ewe, os fon, e os bantu. Como a religião se tornou semi-independente em regiões diferentes do país, entre grupos étnicos diferentes evoluíram diversas "divisões" ou nações, que se distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divindades veneradas, o atabaqu (música) e a língua sagrada usada nos rituais.
A lista seguinte é uma classificação pouco rigorosa das principais nações e sub-nações, de suas regiões de origem, e de suas línguas sagradas:
  • Nagô ou Iorubá
    • Ketu ou Queto (Bahia) e quase todos os estados - Língua Yoruba (Iorubá ou Nagô em Português)
    • Efan na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo
    • Ijexá principalmente na Bahia
    • Nagô Egbá ou Xangô do Nordeste no Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo
    • Mina-nagô ou Tambor de Mina no Maranhão
    • Xambá em Alagoas e Pernambuco (quase extinto).
  • Bantu, Angola e Congo (Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul), mistura de Bantu, Quicongo e Quimbundo línguas.
    • Candomblé de Caboclo (entidades nativas índios)
  • Jeje A palavra Jeje vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Nunca existiu nenhuma nação Jeje na África. O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Dahomey e pelos povos mahins. Jeje era o nome dado de forma pejorativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de "Savé" que era o lugar onde se cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de Savé (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto Ashantis era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje,(Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo) - língua ewe e língua fon (Jeje)
    • Jeje Mina língua mina São Luiz do Maranhão

 Crenças

 

 Candomblé é uma religião "monoteísta", embora alguns defendam a ideia que são cultuados vários deuses, o deus único para a Nação Ketu é Olorum, para a Nação Bantu é Nzambi e para a Nação Jeje é Mawu, são nações independentes na prática diária e em virtude do sincretismo existente no Brasil a maioria dos participantes consideram como sendo o mesmo Deus da Igreja Católica.
Os Orixás/Inquices/Voduns recebem homenagens regulares, com oferendas de animais, vegetais e minerais, cânticos, danças e roupas especiais. Mesmo quando há na mitologia referência a uma divindade criadora, essa divindade tem muita importância no dia-a-dia dos membros do terreiro, como é o caso do Deus Cristão que na maioria das vezes são confundidos.

 

  • os Orixás da Mitologia Yoruba foram criados por um deus supremo, Olorun Olorum) dos Yoruba;
  • os Voduns da Mitologia Fon foram criados por Mawu, o deus supremo dos Fon;
  • os Nkisis da Mitologia Bantu, foram criados por Zambi Zambiapongo deus supremo e criador.

O Candomblé cltua, entre todas as ações, umas cinquenta dascentenas deidades ainda cultuadas na África. Mas, na maioria dos terreiros das grandes cidades, são doze as mais cultuadas. O que acontece é que algumas divinddes têm "qualidades", que podem ser cultuadas como um diferente Orixá/Inquice/Vodun em um ou outro terreiro. Então, a lista de divindades das diferentes nações é grande, e muitos Orixás do Ketu podem ser "identificados" com os Voduns do Jejé e Inquices dos Bantu em suas características, mas na realidade não são os mesmos; seus cultos, rituais e toques são totalmente diferentes.
Orixás têm individuais personalidades, habilidades e preferências rituais, e são conectados ao fenômeno natural específico (um conceito não muito diferente do Kami do japonês Xintoísmo). Toda pessoa é escolhida no nascimento por um ou vários "patronos" Orixás, que um babalorixá identificará. Alguns Orixás são "incorporados" por pessoas iniciadas durante o ritual do candomblé, outros Orixás não, apenas são cultuados em árvores pela coletividade. Alguns Orixás chamados Funfun (branco), que fizeram parte da criação do mundo, também não são incorporados.

Sincretismo

No tempo das senzalas os negros para poderem cultuar seus Orixás, Inkices e Voduns usaram como camuflagem um altar com imagens de santos católicos e por baixo os assentamentos escondidos, segundo alguns pesquisadores este sincretismo já havia começado na África, induzida pelos próprios missionários para facilitar a conversão.
Depois da libertação dos escravos começaram a surgir as primeiras casas de candomblé, e é fato que o candomblé de séculos tenha incorporado muitos elementos do Cristianismo. Crucifixos e imagens eram exibidos nos templos, Orixás eram frequentemente identificados com Santos Católicos, algumas casas de candomblé também incorporam entidades caboclos, que eram consideradas pagans como os Orixás.
Mesmo usando imagens e crucifixos inspiravam perseguições por autoridades e pela Igreja, que viam o candomblé como paganismo e bruxaria, muitos mesmo não sabendo nem o que era isso.
Nos últimos anos, tem aumentado um movimento "fundamentalista" em algumas casas de candomblé que rejeitam o sincretismo aos elementos Cristãos e procuram recriar um candomblé "mais puro" baseado exclusivamente nos elementos Africanos.

 Templos

Os Templos de candomblé são chamados de casas, roças ou Terreiros.
As casas podem ser de linhagem matriarcal, patriarcal ou mista:

  • Casas pequenas, que são independentes, possuídas e administradas pelo babalorixá ou iyalorixá dono da casa e pelo Orixá principal respectivamente. Em caso de falecimento do dono, a sucessão na maioria das vezes é feita por parentes consanguineos, caso não tenha um sucessor interessado em continuar a casa é desativada. Não há nenhuma administração central.
  • Casas grandes, que são organizadas tem uma hierarquia rígida, não é de propriedade do sacerdote, nem toda casa grande é tradicional, é uma Sociedade Civil ou Beneficente.
    • Casas de linhagem matriarcal: (só mulheres) assumem a liderança da casa como Iyalorix.
      • Ilé Axé Iyá Nassô Oká - Casa Branca-Engenho Velho - considerada a primeira casa a ser aberta em Salvador, Bahia
      • Ilê Maroiá Lájié - Mãe Olga de Alaketu - Fundada em 1636 no Matatu de Brotas por Otampé Ojarô
      • Ilé Iyá Omi Axé Iyámase do Gantois - Terreiro do Gantois - Salvador, Bahia
      • Ilé Axé Opó Afonjá - Opó Afonjá - Salvador, Bahia e Coelho da Rocha, Rio de Janeiro
      • Kwe Kpodaba - Asé Podaba - fundado em 1851 - Rio de Janeiro
      • Ilé Omo Oyá Legi - Mesquita, Rio de Janeiro
      • Zoogodô Bogum Malê Rondó - Terreiro do Bogum - Salvador, Bahia
      • Querebentan de Zomadônu - Casa das Minas - fundada +/- 1796 - São Luiz, Maranhão
      • Ile Axé Íyà Atara Magbá - Santa Cruz da Serra - RJ. Fundada e dirigida até hoje por Omindarewa de Yemanja
    • Casas de linhagem patriarcal: (só homens) assumem a liderança da casa como Babalorixá no Culto aos Orixá ou Babaojé no Culto aos Egungun.
      • Ilê Agboulá - Ilha de Itaparica
      • Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá - Ilê Axipá - Salvador, Bahia
    • Casas de linhagem mista: tanto homens como mulheres podem assumir a liderança da casa.
      • Ilé Axé Oxumarê - Casa de Oxumare - Salvador, Bahia
      • Ilé Axé Odó Ogè - Terreiro Pilão de Prata - Salvador, Bahia
      • Obá Ogunté - Terreiro Obá Ogunté - Recife, Pernambuco
      • Kwé Ceja Houndé - Roça do Ventura - Cachoeira e São Felix, Bahia
      • Ilê Axé Iyá Ogunté - Casa de Iemanjá - Maceió, Alagoas
      • Terreiro Viva Deus- Asepo Eran Opé Oluwá - Cachoeira - Bahia. Fundada por José Domingos de Santana- Zé do Vapor de Ogum. Dirigido hoje pelo babalaxé Luiz Sergio Barbosa de Oxalufã.


A lei federal nº. 6.292 de 15 de Dezembro de 1975 protege os terreiros de candomblé no Brasil, contra qualquer tipo de alteração de sua formação material ou imaterial. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Instituto Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) são os responsáveis pelo tombamento das casas.
A progressão na hierarquia é condicionada ao aprendizado e ao desempenho dos rituais longos da iniciação. Em caso de morte de uma ialorixá, a sucessora é escolhida, geralmente entre suas filhas, na maioria das vezes por meio de um jogo divinatório Opele-Ifa ou jogo de búzios. Entretanto a sucessão pode ser disputada ou pode não encontrar um sucessor, e conduz frequentemente a rachar ou ao fechamento da casa. Há somente três ou quatro casas em Brasil que viram seu 100° aniversário.

Hierarquia

No Brasil, existe uma divisão nos cultos: Ifá, Egungun, Orixá, Vodun e Nkisi, são separados por tipo de iniciação do sacerdócio.

  • Culto de Ifá só inicia Babalawos, não entram em transe.
  • Culto aos Egungun só inicia Babaojés, não entram em transe.
  • Candomblé Ketu inicia Iyawos, entram em transe com Orixá.
  • Candomblé Jeje inicia Vodunsis, entram em transe com Vodun.
  • Candomblé Bantu inicia Muzenzas, entram em transe com Nkisi.
  • Hierarquia do Candomblé

 Sacerdócio

Nas Religiões Afro-brasileiras o sacerdócio é dividido em:

  • Babalorixá ou Iyalorixá - Sacerdotes de Orixás
  • babalaxé ou Iyalaxé - Sacerdote e líder na sociedade
  • Doté ou Doné - Sacerdotes de Voduns
  • Tateto e Mameto - Sacerdotes de Inkices
  • Babalawo - Sacerdote de Orunmila-Ifa do Culto de Ifá
  • Bokonon - Sacerdote do Vodun Fa
  • Babalosaim - Sacerdote de Ossaim
  • Babaojé - Sacerdote do Culto aos Egungun
  • Anexo:Lista de sacerdotes do candomblé




Umbanda

História e sincretismo

As raízes da Umbanda são difusas. Entretanto, podemos afirmar que ela foi criada em 1908 pelo Médium Zélio Fernandino de Moraes, sob a influência do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Antes disso, já havia, de fato, o trabalho de guias (pretos-velhos, caboclos, crianças), assim como religiões ou simples manifestações religiosas espontâneas cujos rituais envolviam incorporações e o louvor aos orixás. Entretanto, foi através de Zélio que organizou-se uma religião com rituais e contornos bem definidos à qual deu-se o nome de Umbanda.
Nesta época, não havia liberdade religiosa. Todas as religiões que apontavam semelhanças com rituais afros eram perseguidas, os terreiros destruídos e os praticantes presos.
Em 1945, José Álvares Pessoa, dirigente de uma das sete casas de Umbanda fundadas inicialmente pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas
, obteve junto ao Congresso Nacional a legalização da prática da Umbanda.
A partir dai, muitas tendas cujos rituais não seguiam o recomendado pelo fundador da religião, passaram a dizer-se umbandistas, de forma a fugir da perseguição policial. Foi aí que a religião começou a perder seus contornos bem definidos e a misturar-se com outros tipos de manifestações religiosas. De tal forma que hoje a Umbanda genuína é praticada em pouquíssimas casas.
Hoje, existem diversas ramificações onde podemos encontrar influências que utilizam a palavra Umbanda, como as indígenas (Umbanda de Caboclo), as africanas (Umbandomblé, Umbanda traçada) e diversas outras de cunho esotérico (Umbanda Esotérica, Umbanda Iniciática). Existe também a "Umbanda popular", onde encontraremos um pouco de cada coisa ou um cadinho de cada ancestralidade, onde o sincretismo (associação de santos católicos aos orixás africanos) é muito comum.
Mantém-se na Umbanda o sincretismo religioso com o catolicismo e os seus santos, assim como no antigo Candomblé dos escravos, por uma questão de tradição, pois antigamente fazia-se necessário como uma forma de tornar aceito o culto afro-brasileiro sem que fosse visto como algo estranho e desconhecido, e, portanto, perseguido e combatido. Há discordância sobre as cores votivas de cada orixá conforme o local do Brasil e a tradição seguida por seus seguidores. Da mesma forma quanto ao Santo sincretizado a cada orixá.

Alguns exemplos:

  • Exu - Santo Antonio no Rio de Janeiro, chamado de Bará no Rio Grande do Sul;
  • Oxumare na umbanda - São Bartolomeu no Brasil
  • Ogum - São Jorge ou Santo Antonio na Bahia;
  • Oxossi - São Sebastião; no Brasil, São Jorge na Bahia;
  • Xangô - São Jerônimo,São João Batista, São Miguel Arcanjo
  • Iemanjá - Nossa Senhora dos Navegantes;
  • Oxum - Nossa Senhora da Conceição;
  • Iansã - Santa Bárbara;
  • Omulu - São Roque;
  • Obá - Santa Rita de Cássia, Santa Joana d'Arc
  • Obaluaê - São Lázaro;
  • Nanã - Sant'Anna;
  • Oxalá - Divino Jesus Cristo, o Ser Cristalino.

Os fundamentos

Os fundamentos da Umbanda variam conforme a vertente que a pratique.
Existem alguns conceitos básicos que são encontrados na maioria das casas e assim podem, com certa ressalva e cuidado, ser generalizados para todas as formas de Umbanda. São eles:

  • A existência de uma fonte criadora universal, um Deus supremo, chamado Olorum. Algumas das entidades, quando incorporadas, podem nomeá-lo de outra forma, como por exemplo Zambi para pretos-velho, Tupã para caboclos, entre outros, mas são todos o mesmo Deus;
  • A obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como: fraternidade, caridade e respeito ao próximo. Sendo a caridade uma máxima encontrada em todas as manifestações existentes;
  • O culto aos orixás como manifestações divinas, em que cada orixá controla e se confunde com um elemento da natureza do planeta ou da própria personalidade humana, em suas necessidades e construções de vida e sobrevivência;
  • A manifestação dos Guias para exercer o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns ou "aparelhos";
  • O mediunismo como forma de contato entre o mundo físico e o espiritual, manifesta de diferentes formas;
  • Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual que é seguida em cada casa de forma variada e diferenciada, mas que existe para nortear os trabalhos de cada terreiro;
  • A crença na imortalidade da alma;
  • A crença na reencarnação e nas leis cármicas;

Um Deus único e superior

Deus, em sua benevolência e em sua força emana de si e através dos orixás e dos guias (espíritos desencarnados) seu amor, auxiliando os homens em sua caminhada para a elevação espiritual e intelectual.

Os Orixás

Os Orixás são manifestações do Grande Deus Olorum. Todo o universo surge de Olorum através das radiações que são individualizadas e personificadas em Orixás. Essas radiações são personificadas de formas diferentes nos diversos terreiros - depende da influência histórica que cada um sofreu. A radiação (vibração da água) pode ser relacionada apenas a Iemanjá, mas pode ser subdividida em Oxum: água doce, Nanã: pântano e Iemanjá: mares. Ocorre semelhante com Ossain e Oxóssi.
Muitos escritores da Umbanda relacionam as Sete Linhas aos Orixás, outros preferem relacionar as Sete Linhas com as vibrações e não diretamente a Orixás, já que eles são mais de sete.
Os orixás não são originários da Umbanda, muito antes eles já eram reverenciados nas terras africanas por diversas tribos. Muitos deles não se tornaram conhecidos aqui no Brasil, e até mesmo nas tribos africanas cada uma possuía seu orixás e desconhecia outros que eram cultuados em tribos diferentes.
Quando começou o tráfico de escravos, muitos negros de tribos diferentes foram vendidos juntamente, desta maneira os diversas orixás de tribos distantes se encontraram em terras brasileiras e formaram o grande panteão do Candomblé. Notadamente a nação que mais influenciou foi a Iorubá.
Nesta visão ainda própria dos ritos tribais, o orixá era um ancestral que todos tinham em comum. Geralmente era considerado como o próprio fundador da tribo e deixava grande influência por suas características incomuns de liderança, poderes espirituais e grande habilidade de caça. A tribo tinha no orixá um símbolo da união, pois todos eram filhos diretamente desse grande ancestral; com isso surge o termo Orixá histórico - realmente um rei, rainha, feiticeiro, guerreiro que existiu.
No nascimento do Candomblé, os homens passaram a ser filhos espirituais dos orixás, pois a relação de ancestralidade que existia na tribo não se confirmava mais na nova realidade da América. A partir da Umbanda se configura a uma nova visão: o Orixá Cósmico. O orixá, pela cosmogonia umbandista, nunca viveu na terra, ele é muito mais que o espírito desencarnado de um homem; Toda criação é o resultado do trabalho harmônico dos orixás, espíritos elevadíssimos, verdadeiros arquitetos e mantenedores da criação.

Sincretismo

Indígeno, africano, católico, espírita, outras.
A Umbanda é uma junção de elementos africanos (orixás e culto aos antepassados), indígenas (culto aos antepassados e elementos da natureza), Catolicismo (o europeu, que trouxe o cristianismo e seus santos que foram sincretizados pelos Negros Africanos
), Espiritismo(fundamentos espíritas, reencarnação, lei do carma, progresso espiritual etc).
A Umbanda prega a existência pacífica e o respeito ao ser humano, à natureza e a Deus. Respeitando todas as manifestações de fé, independentes da religião. Em decorrência de suas raízes, a Umbanda tem um caráter eminentemente pluralista, compreende a diversidade e valoriza as diferenças. Não há dogmas ou liturgia universalmente adotadas entre os praticantes, o que permite uma ampla liberdade de manifestação da crença e diversas formas válidas de culto.
A máxima dentro da Umbanda é "Dê de graça, o que de graça recebestes: com amor, humildade, caridade e fé".

O culto umbandista

A Umbanda tem como lugar de culto o templo, terreiro ou Centro, que é o local onde os Umbandistas se encontram para realização do culto aos orixás e dos seus guias, que na Umbanda se denominam giras.
O chefe do culto no Centro é o Sacerdote ou Sacerdotisa (pode ser Babá, Zelador, Dirigiente, Diretor(a) de culto, Mestre(a), sempre dependendo da forma escolhida por cada casa). São os médiuns mais experientes e com maior conhecimento, normalmente fundadores do terreiro. São quem coordenam as sessões/giras e que irão incorporar o guia-chefe, que comandará a espiritualidade e a materialidade durante os trabalhos.
Vale lembrar que o termo pai-de-santo ou mãe-de-santo não deve ser aplicado na religião de Umbanda, pois estes termos são oriundos do Candomblé, que é uma religião diferente da Umbanda.
Como uma religião espiritualista, a ligação entre os encarnados e os desencarnados se faz por meio dos médiuns.
Na Umbanda existem várias classes de médiuns, de acordo com o tipo de mediunidade.
Normalmente há os médiuns de incorporação, que irão "emprestar" seus corpos para os guias e para os orixás.
Há também os atabaqueiros, que transmitem a vibração da espiritualidade superior por via dos atabaques, criando um campo energético favorável à atração de determinados espíritos, sendo muitas vezes responsáveis pela harmonia da gira. Há os Corimbas, que são os que comandam os cânticos e as cambonas que são encarregadas de atender as entidades, provisionando todo o material necessário para a realização dos trabalhos.
Embora caiba ao sacerdote ou à sacerdotisa responsável o comando vibratório do rito, grande importância é dada à cooperação, ao trabalho coletivo de toda a corrente mediúnica.
Segundo a Umbanda, as entidades que são incorporadas pelos médiuns podem ser Pretos-velhos, Caboclos, Boiadeiros, Mineiros, Crianças, Marinheiros, Cciganos, Bbaianos, Orientais, Xxamãs e Eexus.

As sessões

O culto nos terreiros é dividido em sessões de desenvolvimento e de consulta, e essas, são subdivididas em giras.
Nas sessões de consulta, onde comumente podemos encontrar Pretos-Velhos, Caboclos, Ciganos… As pessoas conversam com as entidades a fim de obter ajuda e conselhos para suas vidas, curas, descarregos, e para resolver problemas espirituais diversos.
As ocorrências mais comuns nessas sessões são o "passe" e o descarrego
.
No passe
, a entidade reorganiza o campo energético astral da pessoa, energizando-a e retirando toda a parte fluídica negativa que nela possa estar.
O descarrego é feito com o auxílio de um médium, o qual irá captar a energia negativa da pessoa e a transferir para os assentamentos ou fundamentos do terreiro que contém elementos dissipadores dessas energias. Também a entidade faz com que essa energia seja deslocada para o astral. Caso seja um obsessor, o espírito obsediador é retirado e encaminhado para tratamento ou para um lugar mais adequado no astral inferior caso ele não aceite a luz que lhe é dada. Nesses casos pode ser necessária a presença de um ou mais Exus
(um gênero de espírito desencarnado) para auxiliar a desobsessão.
Os dias de Consulta e/ou Desenvolvimento podem variar de casa para casa, de Linha Doutrinária para Linha Doutrinária. Nos dias de consulta há o atendimento da assistência e nos dias de desenvolvimento há as giras médiunicas, que são fechadas à assistência, onde os sacerdotes educam e ensinam os mecanismos próprios da mediunidade.